- Artigo publicado na revista Guia da Farmácia, nº182, pela Editora Price, destinado ao profissional de saúde.
Trabalhar horas a fio, muitas vezes em posições incorretas e sob forte pressão e estresse, e praticar exercícios físicos de forma desmedida são alguns dos fatores que explicam o crescimento das lesões musculares e traumatismos
Por Paula Reis
As lesões musculares acometem o aparelho locomotor. Em geral, são conseqüências de traumas (contusões), tensão exagerada ou fadiga por excesso de uso (distensões). “Quando se fala em lesões musculares, refere-se à ruptura de fibras musculares. O grau da ruptura destas fibras é classificado quanto à intensidade. Assim pode haver distensões (quando há um pequeno grau de ruptura) e lesões completas, as chamadas rupturas. Uma segunda classificação mais didática e fácil se divide em ruptura parcial ou total”, explica o Dr. Antonio Carlos Novaes, Reumatologista, assistente estrangeiro da Faculdade de Medicina de Paris.
As partes do corpo mais afetadas pelas lesões musculares são a zona da coluna vertebral, os membros superiores, as coxas e a panturrilha.
De maneira geral, as lesões ocorrem por excesso de atividade física, má preparação física, aquecimento inadequado, sobrecargas musculares e alimentação deficiente.
Recentemente, um levantamento realizado na América Latina avaliou os tipos mais freqüentes de lesões que acometem homens e mulheres durante a prática esportiva e um dado preocupante descoberto durante as entrevistas se refere ao grande número de pessoas que não dão continuidade às atividades físicas que praticam, os também conhecidos como “esportistas de fim-de-semana”. A pesquisa envolveu 450 entrevistados, com idade acima dos 18 anos, em nove países latino-americanos. Quando indagados sobre a freqüência com que praticavam qualquer tipo de atividade física, 42% das pessoas responderam que somente praticavam no fim-de-semana e a porcentagem foi ainda mais elevada entre os homens (50%).
A lesão no tendão de Aquiles, por exemplo, é mais freqüente entre os esportistas de fim-de-semana de meia-idade que não se exercitam regularmente ou não reservam tempo suficiente para alongar os músculos antes das atividades físicas.
Qualquer esporte requer cuidados, independentemente do fato de ser exercida por atletas profissionais ou amadores. A pesquisa demonstrou que a porcentagem mais elevada de lesões foi entre os homens (54%), com idade entre 18 e 34 anos, e que as contusões mais comuns no futebol foram: entorses, lesões na musculatura das pernas, fraturas e lesões nos joelhos e na cabeça.
Já entre as mulheres, as lesões corriqueiras foram identificadas durante a prática de vôlei (17%) ou corrida (15%). As lesões físicas conseqüentes à corrida também foram freqüentes entre os homens e mulheres com mais de 50 anos de idade (52%).
Tratamento adequado depende da orientação do especialista
Segundo o Dr. Antonio Carlos, “não importa o tipo de lesão muscular, o tratamento básico inicial se baseia nas seguintes recomendações: proteção do grupo muscular atingido, repouso e gelo nas primeiras 24 a 72 horas e em alguns casos são receitados analgésicos e antiinflamatórios. A finalidade deste tratamento de emergência consiste em reduzir o sangramento dentro do músculo atingido e diminuir a possibilidade de novas lesões em um tecido já previamente lesado”.
Outros métodos também ajudam. “Utilizar-se de compressas de gelo, acupuntura e massagens são métodos eficientes para aliviar a dor, conta o ortopedista Wagner Castropil, doutor pela faculdade de medicina da USP e membro do Comitê Olímpico Brasileiro.
Um dado importante do estudo citado acima é que das pessoas entrevistadas, 68% nunca procurou um médico para aliviar a dor. Essa porcentagem foi elevada tanto entre homens (71%) como entre mulheres (61%). No entanto, mais da metade (57%) afirmou ter tomado algum medicamento para aliviar a dor e o inchaço causados pela lesão. “O dado é alarmante, já que ao se automedicar, o paciente pode agravar uma lesão inflamatória que poderia se resolver em três ou quatro dias, levando a um quadro mais arrastado de degeneração com período de afastamento maior”, alerta o Dr. Castropil.
O recomendável é procurar um médico caso a dor tenha grande intensidade ou persista além de 48 horas.
Mais do que um tratamento, a prevenção é essencial. Os médicos são unânimes em afirmar que a grande maioria das lesões musculares poderiam ser evitadas ou prevenidas com orientações simples e precisas.
Por isso, o Dr. Antonio Carlos Novaes sugere a pratica de esportes sempre sob orientação de um profissional competente, fazer alongamento antes e depois dos exercícios, o uso de um material adequado e, ao menor sinal de fadiga cessar a atividade.
Regiões mais vulneráveis
1.Coluna. Excesso de carga e posturas inadequadas levam a lesões musculares e hérnia de disco na coluna Lombar e Cervical.
2. Cotovelo e Antebraço. Eles são compostos por três ossos e juntos formam quatro articulações. Risco de inflamações de tendões e deslocamento da articulação.
3. Ombro. Essa região é muito suscetível a lesões por esporte, devido a sua organização anatômica e a quantidade de movimentos realizados sobre essa articulação. Os danos mais comuns são: inflamação nos tendões, lesões musculares e desgaste precoce da cartilagem (artrose).
4. Punho e Mão. O punho e a mão são estruturas complexas formadas por vários ossos, ligamentos, articulações e músculos. Nessa região podem surgir cistos, bolhas, calosidades e inflamações.
5. Joelho. A articulação do joelho é a maior do corpo. Ainda que pareça ser bem construída estruturalmente, ela não foi feita para suportar muita sobrecarga. Por isso, aquecimento e alongamento incorretos ajudam a provocar lesões e, posturas erradas levam ao desgaste da rótula.
6. Quadril, virilha e Coxa. Vários músculos que atravessam a articulação do quadril também atravessam a articulação do joelho. As lesões mais comuns são: bursite, distensões na virilha e quadril e fraturas por estresse do fêmur.
7. Perna, Pé e Tornozelo. Por absorver a força aplicada a cada passo, são elevadas as lesões nesses locais, tais como: distensões musculares, tendinite do tendão de Aquiles, fraturas por estresse no pé, tendinite, fraturas e luxações no tornozelo.
Oriente o consumidor da farmácia a evitar as lesões musculares - Realizar exercícios de aquecimento e alongamento antes de praticar esportes
- Alongar depois da pratica dos exercícios
- Exercitar-se em superfícies lisas e planas. Evitando pisos de asfalto e concreto
- Flexionar os joelhos, mas não dobrá-los além de 90 graus
- Cair com os joelhos flexionados após saltar
- Usar equipamentos adequados como: calçados estáveis e que absorvam impacto, tornozeleiras, capacetes, joelheiras e cotoveleiras quando apropriado
- Diminuir a carga sobre o corpo
- Praticar continuamente o esporte, não apenas aos finais de semana.
Lesões podem ocorrer por fatores
-intrínsecos: desvios posturais; desequilíbrio na força muscular; falta ou excesso de movimento articular; morfologia constitucional (características ósseas individuais); e idade.
-extrínsecos: superfície de treinamento; calçados; equipamentos; métodos de treinamento. Sobrecarga excessiva no volume e/ou na intensidade.
Para cada problema, um profissional
O profissional de educação física atua no campo da prevenção, que é o primeiro passo
O fisioterapeuta e o professor de educação física que tenha conhecimentos da fisioterapia, assim como o médico ortopedista, atuam no segundo campo, que é a intervenção imediata após a lesão;
Novamente o fisioterapeuta atua na ação curativa e a reintegração do atleta as atividades físicas, respectivamente;
E, por fim, o fisioterapeuta e o professor de educação física irão atuar no ultimo campo, que é o retorno às atividades físicas diárias e as competições.
A idade influencia nos traumas?
A reposta é sim. “Todos os indivíduos devem ter em mente que a partir dos 40 anos existe uma perda aproximada de 6 a 10% da força muscular por década de vida, o que faz com que aqueles que não executem atividades físicas tenham, por volta 70 anos, uma perda importante do equilíbrio que, se somado aos demais efeitos do envelhecimento, como a diminuição da visão, perda de massa óssea, perda da flexibilidade articular, torna-os mais susceptíveis a quedas e fraturas”, explica o Dr. Antonio Carlos Novaes.
As praticas mais indicadas para a terceira idade são caminhadas, natação, condicionamento físico, ioga, alongamento ou dança. Além de melhorar a auto estima, ajudam no combate ao ciclo vicioso do envelhecimento.
quarta-feira
Aumenta o índice de pessoas que sofrem com lesões musculares
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