quarta-feira

A luta no combate à dor



Artigo publicado na revista Guia da Farmácia, nº 179, da Editora Price, destinado ao profissional de saúde.



  • Cerca de 50 milhões de brasileiros sofrem de dores crônicas e os prejuízos são incomensuráveis. Na luta para combatê-la estão os medicamentos e a correta informação sobre causas e tratamentos

    É muito difícil classificar exatamente o que é dor. Segundo a International Association for the Study of Pain, a “dor é uma experiência sensorial e emocional, desagradável, associada a um dano real ou potencial dos tecidos, ou descrita em termos de tais lesões”. Isso quer dizer que, dor é uma sensação individual, sensitiva e pessoal. Podendo ter uma causa reconhecida ou não.
    O presidente da Sociedade Brasileira de Estudo da Dor (BBED), Dr. Onofre Alves Neto, explica que é difícil até mesmo para os médicos defini-la. “Muitas vezes o paciente diz que sente muita dor em determinada região, mas não se encontra uma causa lógica e visível para explicar aquela dor. Para nós, especialistas, a dor considerada é aquela que o paciente diz ser e existe quando ele diz existe, ou seja, quem sente a dor é quem define a sua dor”, explica.
    As dores podem ser classificadas de duas formas: aguda e crônica.
    A dor aguda sempre aparece após algum trauma ou doença e dura alguns dias ou semanas. Ela é uma espécie de aviso, indicando que algo está errado.
    Já a dor crônica dura mais de três meses e não tem nenhuma função biológica. Geralmente está associada ao sofrimento e recebe pouca atenção dos profissionais da área de saúde, por falta de conhecimento. Um bom exemplo é a dor nas costas por estiramento muscular, lembra o especialista.
    Ainda segundo o médico, existe uma outra forma de classificação. A dor somática, por exemplo, representa a dor de uma região do corpo, que se segue a um tipo de trauma, lesão ou cirurgia. A dor neuropática remete a dor que se segue após a lesão de um nervo. Na prática, uma dor pós infecção de herpes zooster. E por último, a dor visceral, que representa a dor de uma víscera (por exemplo, na barriga, dor por apendicite ou por hemorragia uterina), que se manifesta na pele.
    Segundo dados da Sociedade Brasileira de Estudos da Dor, as piores dores que uma pessoa pode sentir são as do infarto do coração, do trabalho de parto, as causadas pelas pedras no ureter e hipertensão craniana.

    Ajuda por meio dos antiinflamatórios
    A maioria dos médicos receita antiinflamatórios para combater as dores. A chave é que esses produtos agem principalmente no bloqueio de uma enzima chamada Ciclo-Oxigenase, responsável pela transmissão do estímulo da dor para o nosso cérebro.
    Segundo o Dr. Onofre, existem dois tipos dessa enzima: as do Tipo I, exatamente onde atuam os antiinflamatórios como naproxeno, diclofenado, tenoxicam, piroxicam. E as do Tipo II que são responsáveis pela atuação dos antiinflamatórios inibidores da chamada enzima COX-2 como o celecoxib e os mais recentes como rofecoxib e valdicoxib.
    A médica fisiatra da Divisão de Medicina de Reabilitação do Hospital das Clínicas, Dra. Christina May Moran de Brito, explica que os antiinflamatórios podem ser divididos em esteroidais (a base de corticosteróides) e não-esteroidais (AINEs). “Esses últimos são muito utilizados pelo seu efeito analgésico. Os Antiinflamatórios não esteroidais inibem a ciclo-oxigenase (enzima responsável pelo estimulo da dor), que acelera a conversão de substancias como o ácido aracdônico em endoperóxidos cíclicos instáveis intermediários (prostaglandinas e prostaciclinas) que estão envolvidos no processo inflamatório e na sensibilização das vias dolorosas centrais e periféricas. Alguns AINEs reduzem o desequilíbrio das células envolvidas no processo inflamatório e estabilizam a membrana lisossômica, ou ainda interferem na formação de auto-anticorpos mediada pelas prostaglandinas (PGs)”.
    Como se pode ver, os antiinflamatórios são drogas importantes e essenciais em todas as etapas do tratamento da dor. Elas são usadas como drogas únicas no tratamento da dor leve, associados ou não às drogas consideradas adjuvantes, como os antidepressivos e anticonvulsivantes.
    “Em casos de dor moderada, junto dos antiinflamatórios ou com os adjuvantes estão os Opióides dito fracos, como a codeína. Na dor severa, geralmente se adiciona os opióides potentes, como a morfina, oxicodona, fentanil, entre outros” explica o médico especialista em dor.
    Os medicamentos são recomendados de acordo com cada tipo de dor . Apesar de todos terem o mesmo principio de ação, o médico alerta que “alguns antiinflamatórios são mais ativos a inflamação e outros respondem melhor a dor”. É fato que o uso dos antiinflamatórios, principalmente, de maneira contínua, deve seguir a orientação médica. A Indústria se aprimora a cada dia e atualmente existem os chamados antiinflamatórios da classe COX-2, que apresentam menos efeitos colaterais, como as complicações gástricas e por essas razões, são os mais recomendados pelos médicos.

    Oriente o consumidor
    Existem inúmeros antiinflamatórios no mercado, com diferentes perfis terapêuticos, mecanismos de ação, potências e efeitos colaterais. Sendo assim, fica fácil entender a necessidade da avaliação para o uso seguro e eficaz dos medicamentos. “Além dos potenciais efeitos adversos relacionados ao uso dessas drogas, devem ser consideradas as possíveis interações com outros medicamentos”.
    Portanto, o primeiro passo e o mais importante é orientar o consumidor a procurar um médico, assim que os primeiros sintomas aparecerem. Somente o médico conseguirá avaliar qual será o melhor antiinflamatório para cada caso em particular, dependendo do que a pessoa tem.

As peculiaridades da dor crônica

  • Sabe-se até o momento que a dor crônica é causada por múltiplos fatores e que seus sintomas afetam a qualidade de vida das pessoas, prejudicando suas atividades diárias e impedindo-as de executar tarefas simples.
  • Estudos indicam que, o controle da dor crônica não depende somente do tratamento dos sintomas, por meio de medicamentos. É importante que o paciente possua um enfoque multidisciplinar, que consiste basicamente, na união de diversos profissionais, como médicos de diversas especialidades, psicólogos, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, enfermeira, assistente social e outros.
  • Oriente o consumidor a identificar e modificar as condições que favorecem o seu aparecimento. Essas condições referem-se, além da parte emocional, ao ambiente físico (mobiliário, iluminação, etc.), ao ambiente social (relacionamento familiar e no trabalho), à postura (como se senta, como dorme, etc.) e estilo de vida (atividades de lazer, prática de esportes, etc.).

    Extra da edição
    Massagens:
    bem conhecidas de todos, ainda constituem um recurso eficaz para determinado tipo de afecções. Elas servem para estimular o relaxamento e para a melhoria da circulação dos tecidos, que, quando massageados provocam melhora da dor e pode facilitar o tratamento de dores musculares e fibromialgia.
    Crioterapia: uso do frio, muito útil para o alívio da dor, principalmente da dor aguda. Pode ser utilizado gelo, bolsa com agentes frios e aerossóis refrescantes, seguidos de alongamento muscular ou de massagem.
    Banhos de Contraste: uso alternado de Calor e Frio – Imersão de uma parte do corpo em recipientes alternados com água quente (43º C) e fria (16º C).

    Medição da dor
    Logo após um traumatismo, infecção ou outro fator, as terminações nervosas existentes no local afetado conduzem o estímulo doloroso por nervos (como se fossem fios telefônicos) até a medula espinhal. Desse local, o estímulo é levado até diferentes regiões do cérebro, onde é percebido como dor e transformado em respostas a este estímulo inicial.
    Todos têm, na Escala de Analgesia da Organização Mundial de Saúde, a forma organizada de se tratar a sua dor. Obviamente uma dor só é tratada depois que o médico escutou, examinou o paciente, para ter uma idéia do diagnóstico. Mas essa escala da OMS relaciona as principais medidas.
    Esta escala de Dor da OMS relaciona as principais medidas.



No nível – DOR LEVE – dor de 1 a 3 (numa escala de 0 a 10)
Dor MODERADA – de 4 a 7
Dor INTENSA – de 8 a 10

Um comentário:

  1. gostaria que me explicasse como devo reagir com uma pessoa doente da angina do peito. e que alimentos deve ela comer para melhorar.

    ResponderExcluir